O que falamos ou sentimos quando falamos de amor?
- Especialista Bianca Souza

- 2 de set.
- 3 min de leitura

Amor. Uma palavra curta, mas que carrega oceanos inteiros de significados. Ouvimos, dizemos e repetimos todos os dias: “eu te amo”. Mas será que falamos todos da mesma coisa? Será que, quando dizemos “amor”, o outro entende exatamente o que sentimos?
A verdade é que amor não é um idioma único, mas um dialeto pessoal. Cada pessoa carrega sua história, suas feridas, seus sonhos e expectativas. E quando falamos de amor, falamos também de nós mesmos: daquilo que esperamos receber, daquilo que acreditamos merecer e, muitas vezes, daquilo que ainda não aprendemos a oferecer.
O amor como espelho
Quando dizemos “amor”, revelamos muito mais do que imaginamos. Para alguns, amor é cuidado: preparar o café da manhã, cobrir o outro na madrugada, mandar uma mensagem simples como “chegou bem?”. Para outros, amor é paixão: desejo, intensidade, toques. Já para alguns, amor é segurança: construir um lar, dividir planos, ter alguém que segure sua mão quando o mundo parece ruir.
O problema surge quando esperamos receber o amor na forma que oferecemos. É o casal que se perde porque um acredita que estar junto o tempo todo é prova de amor, enquanto o outro entende amor como liberdade. É a mulher que se sente rejeitada porque não recebe palavras de carinho, enquanto o parceiro demonstra amor consertando coisas da casa ou cuidando das contas.
O amor é um espelho que reflete nossas necessidades mais profundas – mas esse reflexo, sem tradução, pode gerar distorções.
O amor como linguagem
Gary Chapman popularizou a ideia das “5 linguagens do amor”. Mas a prática clínica e a convivência real mostram que o amor tem infinitos dialetos. O que você chama de amor pode ser silêncio compartilhado, pode ser aventura, pode ser ouvir o parceiro cantar no banho.
E aqui está o ponto de virada: quando falamos de amor, na verdade falamos de comunicação. Amor mal comunicado vira frustração. Amor mal compreendido vira cobrança. Mas amor comunicado de forma clara e ajustada se transforma em conexão.
O amor como decisão
Mais do que sentimento, amor é decisão. É escolher ficar quando seria mais fácil partir. É decidir se despir das máscaras, mesmo correndo o risco de não ser compreendido. É optar por traduzir a própria forma de amar em vez de se esconder no silêncio.
E toda decisão de amor precisa de uma prática:
Nomear o que sente: quando você dá nome, você dá forma. “Amor, eu me sinto amado quando você olha nos meus olhos enquanto fala comigo.”
Perguntar o que significa para o outro: não presuma. Descubra. “O que significa amor para você?” pode abrir portas inesperadas.
Praticar o respeito: o outro não precisa amar do seu jeito, mas você pode aprender a reconhecer o gesto de amor que vem na forma dele.
O amor como transformação
O maior equívoco é acreditar que amor é apenas o que sentimos. Amor é também o que escolhemos cultivar. Quando aprendemos a escutar o amor na voz do outro, a relação deixa de ser um campo de batalha e se torna um jardim. Não é perfeito, mas é fértil.
E talvez essa seja a chave: quando falamos de amor, falamos da capacidade de transformar a vida a dois em uma construção consciente. Amor é mais que paixão, mais que rotina, mais que promessa. Amor é prática, é tradução e é decisão diária.
Para levar consigo
Quando você disser “eu te amo” da próxima vez, pergunte-se:
O que eu quero comunicar com isso?
O outro está entendendo a mesma coisa?
Como posso mostrar, além de falar?
Porque, no fim, o amor só se torna real quando deixa de ser apenas palavra e vira ação, gesto, tradução.
O que falamos quando falamos de amor? Falamos de nós, falamos do outro, falamos da ponte que nos conecta. E quanto mais conscientes estivermos dessa ponte, mais forte será o caminho para atravessarmos juntos.





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